Sunday, November 11, 2007

"A maior riqueza do homem é a sua incompletude. Nesse ponto sou abastado. Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito. Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê uva, etc. etc.

Perdoai Mas eu preciso ser outros.

Eu penso em renovar o homem usando borboletas". (Manoel de Barros - Biografia do Orvalho)





"já me matei faz muito tempo me matei quando o tempo era escasso e o que havia entre o tempo e o espaço era o de sempre nunca mesmo o sempre passo morrer faz bem à vista e ao baço melhora o ritmo do pulso e clareia a alma morrer de vez em quando é a única coisa que me acalma"


Leminski

Friday, November 09, 2007

"Eu pessoalmente acredito em vampiros"

Ê, Homi, são 35 anos hoje da falta que você faz.
Se não fosse assim seriam quantos mesmo ontem? 63?

Quantos poemas mais? Quantas músicas além? Artigos?

Será só egoísmo meu pensar que poderia ser tudo diferente?
Tava tudo “cravado na mão”? “Enterrado no umbigo”?

Será pequeno me concentrar tanto em sua ida?
Foi você quem morreu no dia do seu aniversário, oras!

Tenho que confessar que sempre me lembro daquela carta... e me pergunto:
"pra quê acordar o Thiago?????"
"acordar?"
"do que?"
“qual “realidade” é mais possível? Mais justa? Ou mais doce?”

“Existirmos, a que será que se destina?????????????????”


O cacho de bananas há muito não é o mesmo.
Teimo em seguir doída pela sua falta.
Existe alguma coisa em você que não me liberta. Todas as outras, sim.

Algumas tantas coisas em você me levam a querer viver de forma sincera e ardente, leve e absurda! É por isso que te carrego! Pela sua vida!

Nosferato, Anjo Torto...

Bracelete de cobra que engole o próprio rabo...

Mais uma vez, intuitivamente, é você quem me visita.

Doce Vampiro...

Vai, Bicho... Com asa de avião e tudo!


“Agora não se fala mais
Toda palavra guarda uma cilada
e qualquer gesto é o fim do seu início”


sábado, 10 de novembro de 2007

Dois segundos pra me assustar com uma velha conhecida.
Nenhum segundo pra me recuperar da novidade.
Canção Desnecessária nasceu de uma visão!
Sim. A moça passava.
Mas nem era o balanço, nem o bronze quem dizia algo...

A moça vinha, arrumada, escondida atrás de sua diferença, e ele, via no rosto dela sua própria filha. E se fosse?
Pq é que uma pessoa se arruma e sai, pra continuar tentando não ser vista?



O homem entrou na igreja torto e virado. Saiu dela com uma das coisas mais lindas desse mundo.





Eu, faz tempo, nem entro nem saio de igreja nenhuma, mas mesmo assim, vou me virando.



Hoje, agora mesmo, é sábado. Tem Guinga na TVE, tem Barbatuques na Cultura.
Hoje, daqui a pouco mesmo, às 9 do 10 de novembro de 2007, vai fazer 35 anos de vida "sem" Torquato...


Canção desnecessária
(Guinga- Mauro Aguiar)
Enlace o meu silêncio
E valse a valsa avessa
Que te fiz em pranto
É valsa em si contrária
Só pisando em falso
Se pressente o chão
A música ilusória
Quase te atravessa
Sem você dar conta.
E tanta antimatéria
Sem querer se apossa
Do seu coração
Esqueça o tempo então
E valse um sentimento
Por dentro a valsa esquece o som
Extemporânea
Imaginária
Etérea como o amor
Até quem sabe o Grande Amor !
Amor que vem na valsa
Mas que só se confessa
Quando valsa cessa
Amor.
Abrace o precipício
E valse a valsa imersa
Num silêncio insano
É valsa voluntária
mansa em seu ofício
de soar em vão
Canção desnecessária
Quase sempre acessa
Seu fundo oceano
Se você perde o senso
Nasce na memória
Súbito salão
Esqueça o tempo então…………..
A sorte está lançada
A valsa está cansada
Logo vai cessar.
No próximo compasso
Vai sumir no espaço
Vai se dissipar !
Enlace o universo
E valse a valsa imensa
Que te fiz sonhando
Por mais que não pareça
nessa valsa avessa
Pulsa um coração.

Monday, November 05, 2007

Fênix

Eis que se levanta, do nada, esse blog há muito tempo abandonado, deletado e esquecido.
Objetivo?
Dedicar um texto do Torquato pro Cadinho.




Na Segunda se volta ao Trabalho

Torquato Neto p/ o última hora.

[13/12/1971 . segunda-feira]


“Pois eu vou contar uma história.
Sem pé nem cabeça: você sabe com quem está falando? Eu respondi que não e a autoridade
mostrou-se ofendidíssima. Foi por isso que explicou assim:
- Polícia.
Ora,eu agradeci, mostrei meus documentos,o cara conferiu que tudo era legal,e estava em
ordem e em seguida iluminou-se:
- Ora, bicho, esse teu cabelo está muito grande.
Aí eu fui alugar um apartamento para morar.Quem não precisa de um? Quando a gente
mora só e tem quem convide, a gente aceita e evita o vexame. Mas quando a gente tem família, o
jeito é aquele mesmo: primeiro enfrentar os porteiros olhando desconfiadíssimos para a minha
cara enquanto entrega as chaves.Vai a descarta:
- Acho que nem adianta olhar. Parece que já está alugado.
Pelo telefone os caras não me vêem, de modo que a informação é batata.
- É conversa do porteiro.
Aí eu fui lá, acertar a transa, assinar os papéis e tal. Aí o cara olhou para a minha. Aí ele
conferiu muito e aí ele decidiu:
- Tem gente na frente.
Aí eu saí na rua. Primeiro naTijuca,onde as pessoas se divertem olhando.Depois na cidade,
onde as pessoas me cercaram na Rua da Assembléia e gritavam corta o cabelo dele e tal.A gente
pensa: vou tomar muita porrada dessa gente. Eles olham com ódio para o meu troféu.Meu cabelo
grande e bonito espanta, espanta não, agride (a tal palavra) e eu me garanto que eu não corto.
História de cabelos...
Um cara suado e de gravata, cara de ódio, passa por mim na Conde de Bonfim, cara de uns
quarenta anos, cara de pai de família classe média típico nacional, passa no seu fusquinhasinho e
quando me vê dá um berro:
- Cachorro cabeludo!
Inteiramente maluco, o cara. Doido de pedra. Ou não?
Desci do ônibus e saí andando pela Gomes Freire.Vinha uma senhora gorda fazendo compras
com um garoto pequeno e um tipo - filho com jeitão de funcionário, sei lá de quê. De longe,
enquanto eu vinha, eles já sorriam e cochichavam tramando. Eu vi. Bem na minha frente os três
pararam e a vanguarda do movimento adiantou-se - era o garotinho:
- É homem ou é mulher?
Eu respondi.
- Mulher.
O rapazinho, o outro, gritou.Atenção? Gritou.
- Cala a boca, cabeludo desgraçado.
A mulher deu uma gargalhada e eu passei.
Inteiramente malucos, doidos varridos, doidos de pedra. Ou não (?).
Aí, crianças, a gente declara novamente: são uns malucos. São uns loucos. São uns totalitaristas:
cabeludo não entra. São uns chatos, são loucos, totalmente loucos, e perigosos. É assim que
eles estão: doidos, malucos, loucos e perigosos. Ou não?. "






Cardo, esse foi meu post de militância contra a diradura das chapinhas, em defesa de sua total liberdade capilar!
Foi também para todos aqueles que te ameaçam com tesouras e chicletes!
"É assim que
eles estão: doidos, malucos, loucos e perigosos. Ou não?. "

Thursday, November 09, 2006

Podres Poderes

(Caetano Veloso)



Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos
E perdem os verdes, somos uns boçais

Queria querer gritar setecentas mil vezes
Como são lindos, como são lindos os burgueses
E os japoneses, mas tudo é muito mais

Será que nunca faremos se não confirmar
A incompetência da América Católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?

Será será que será que será que será
Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir por mais zil anos?

Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Índios e padres e bichas, negros e mulheres
E adolescentes fazem o carnaval

Queria querer cantar afinado com eles
Silenciar em respeito ao seu transe, num êxtase
Ser indecente mas tudo é muito mau

Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades, caatingas e nos gerais?

Será que apenas os hermetismos pascoais
Os tons os mil tons, seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais?

Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais

Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo mais fundo, Tins e Bens e tais

CLUBE DA ESQUINA 2

( Milton Nascimento- Lô Borges- Marcio Borges)

Porque se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem se lembra se olhou pra trás
Ao primeiro passo, asso, asso
Asso, asso, asso, asso, asso, asso

Porque se chamavam homens
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases lacrimogênios
Ficam calmos, calmos
Calmos, calmos, calmos...

E lá se vai mais um dia...
E basta contar compasso
E basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração na curva
De um rio, rio, rio, rio, rio
E lá se vai...
Mais um dia...

E o rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio-fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente, gente
Gente, gente, gente, gente, gente
E lá se vai

Monday, September 18, 2006

COGITO- Torquato Neto

eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível

eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora

eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim

eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim."

Let's play that-Torquato e Macalé

"quando eu nascium anjo louco muito louco
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito louco, torto
com asas de avião

eis que esse anjo me disse
apertando um sorriso entre os dentes
vai bicho
desafinaro coro dos contentes
let's play that"

BLOGCÍDIO!!!!!!!!

Caros leitores fantasmas, venho hoje clarificar a ausência desse site.
Sim.
Ele é o que não vai ser.
Ele é o que se foi.

Venho hoje o libertar da sua sina de permanência.

Do seu um ano de existência, ficarão aqui só as letras já eternas. Só o que precisa ser reconhecido e visto.
Chega de mais lixo e informação. Chega de suposições.

Abro aqui as páginas em branco para o que me toma pela alma.


Vocês estão em boa companhia.


(os amigos que por uma ventura bizarra quiserem ler alguma coisa escrita de meu punho, peçam diretamente...)


fui para sempre! (Por enquanto)



Oh, sorte na vida de cada um, arte pra quebrar os conceitos, sonhos pra que possam existir!
Sejam livres. Libertem .
Existam.
Respirem.


Fiat Lux!

Sunday, May 07, 2006

CLARA CROCODILO(Arrigo Barnabé)

São paulo, 31 de dezembro de 1999. faltaPouco, pouco, muito pouco mesmo para oAno 2000 e você, ouvinte incauto, que noAconchego de seu lar, rodeado de seusFamiliares, desafortunadamente colocouEste disco na vitrola, você que, agora,Aguarda ansiosamente o espocar daChampanha e o retinir das taças, você,Inimigo mortal da angústia e doDesespero, esteja preparado... o pesadeloComeçou. sim, eu sei, você vai dizer que éSua imaginação, que você andou lendoMuito gibi ultimamente, mas então porQue suas mãos tremeram, tremeram,Tremeram tanto, quando você acendeuAquele cigarro... e por que você ficou tãoPálido de repente? será tudo isto fruto daSua imaginação? não, meu amigo, vá aoBanheiro agora, antes que seja tardeDemais, porque neste mero disco que vocêComprou num sebo, esteve aprisionadoPor mais de 20 anos, o perigoso marginal,O delinqüente, o facínora, o inimigoPúblico número 1, clara crocodilo...Quem cala consente, eu não me caloNão vou morrer nas mãos de um tiraQuem cala, consente, eu desacatoNão vou morrer nas mãos de um ratoNão vou ficar mais neste infernoNem vou parar num cemitérioMetralhadora não me atingeNão vou ficar mais neste ringueEi, você que está me ouvindo, você achaQue vai conseguir me agarrar? pois então,Tome...Já vi que você é perseverante. vamos verSe você segura esta...Meninas, vocês acham que eles queremMais?Querem sim!Você, que então é tão espertinho, vamosVer se você consegue me seguir nesteLabirinto.Clara crocodilo fugiuClara crocodilo escapuliuVê se tem vergonha na caraE ajuda clara, seu canalhaOlha o holofote no olho,Sorte, você não passa de um repolhoOnde andará clara crocodilo? ondeAndará? será que ela está roubando algumSupermercado? será que ela estáAssaltando algum banco? será que ela estáAtrás da porta de seu quarto, aguardando oMomento oportuno para assassiná-lo comOs seus entes queridos? ou será que elaEstá adormecida em sua mente esperandoA ocasião propícia para despertar e descerAté seu coração... ouvinte meu, meuIrmão?

Monday, April 17, 2006

E DAÍ?

(Milton Nascimento e Ruy Guerra)


Tenho nos olhos quimeras
Com brilho de trinta velas
Do sexo pulam sementes
Explodindo locomotivas
tenho os intestinos soltos
num rosário de lombrigas
os meus músculos são poucos
pra essa rede de intrigas
meus gritos afro-latidos
implodem, rasgam, esganam
e nos meus dedos dormidos
a lua das unhas ganem
e daí?

meu sangue de mangue sujo
sobe a custo, a contragosto
e tudo aquilo que fujo
tirou prêmio, aval e posto
entre hinos e chicanas
entre dentes, entre dedos
no meio destas bananas
os meus ódios e os meus medos
e daí?

iguarias na baixela
vinhos finos nesse odre
e nessa dor que me pela
só meu ódio não é podre
tenho séculos de espera
nas contas das minhas costelas
tenho nos olhos quimeras
com brilho de trinta velas

e daí?